Acreditas no amor?
Um dia acreditei, mas revestiu-se de uma dor forte e nojenta até que o matei.
Já não amas!?
Talvez. Talvez ame tanto e tanto é que não sei quanto que jurei ser a última vez.
Isso é paixão.
Penso que não. A paixão exalta a alma, rouba a calma e cai morta onde os sonhadores estão.
Então o que sentes?
Sinto que o meu castelo, sem janelas, portas ou luz deixou de ser o mais belo ao pregar-me nesta cruz. As pedras de que é feito, são impossíveis de atravessar por isso foi o eleito, quero em paz descansar. Às vezes subo à torre mais alta, onde o céu me toca a alma, dá o sorriso que me faz falta e transmite a doce calma. Outras desço às masmorras, sempre levado pela solidão, onde as bruxas como zorras, se escondem na escuridão. Assim vai minha vida, recolhida em qualquer canto, onde cada lágrima contida, anuncia um triste pranto. Outras vezes sento-me ao espelho, único sítio onde não minto, à espera de um conselho para descobrir o que é que eu sinto.
In Mar Adentro